segunda-feira, 9 de maio de 2011

Qual o sentido dos campeonatos estaduais?

Texto original AQUI, escrito em 13 de Abril de 2011 por Vinicius Gaspar Garcia


Meus amigos são-paulinos vão responder de cara dizendo que eles só existem para o Corinthians ganhar alguma coisa. Não, esse texto não é um exercício de auto-flagelação, já que sou corintiano roxo. Ao fazer a pergunta do título, quero convidá-los para uma discussão mais ampla sobre as razões – ou falta delas – que justificam ocuparmos cinco meses do nosso calendário "futebolístico" com as disputas nos Estados.
No passado, quando as distâncias geográficas pareciam maiores, quando o acesso à informação era demorado, fazia sentido que as competições locais ou regionais fossem as mais importantes. Foi assim durante quase todo século XX, mas já a partir da década de 90 as torcidas começaram a perceber qual era o real “tamanho” do campeonato estadual. Nas décadas de 50, 60, 70 e até mesmo 80, ser campeão paulista tinha um peso enorme, sendo que muitos clubes desprezavam a Copa Libertadores e o próprio Campeonato Brasileiro.
Atualmente, o primeiro semestre só começa a ter mais graça quando se iniciam as fases decisivas da Libertadores e da Copa Brasil. É claro que ninguém quer perder e, se o seu time está na final do Campeonato Paulista, melhor que ganhe. Mas são cinco longos meses – mais de 20 jogos – para chegar até a final do Estadual. Não faz sentido. Os estaduais haviam diminuído quando se adotou o formato de pontos corridos no Brasileiro, em 2003. Mas silenciosamente e de forma gradual foram inchando de novo, e hoje se arrastam até meados de Maio, atrapalhando a pré-temporada e jogos mais importantes na Copa do Brasil e Libertadores.
Sinto muito e respeito o passado dos Estaduais, mas hoje eles deveriam servir apenas como divisão de acesso à terceira série do Campeonato Brasileiro. Nosso calendário, em sintonia com a Europa, deveria começar em Agosto e terminar em Maio (deixando Junho e Julho para as seleções: Copa América, Copa das Confederações e Copa do Mundo). Os grandes times poderiam disputar, simultaneamente, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e a Copa Libertadores (ou Sul-Americana). O Campeonato Mundial de Clubes da Fifa – que o Timão, aliás, foi o primeiro a vencer – deveria ser no final de Maio.
Alguns vão dizer que esse formato prejudica os times pequenos. Sinceramente, vale a pena mantê-los? Qual o percentual de moradores de São Caetano que torcem para o “azulão” e não para um dos grandes de São Paulo? E em Itu ou Barueri? Aqueles times do interior que tem torcida e tradição – como Ponte, Guarani, Noroeste e XV de Piracicaba, dentre outros – disputariam para ser campeão paulista e acessar as divisões do Campeonato Brasileiro, além da Copa do Brasil, podendo crescer e participar de campeonatos sul-americanos a partir daí.

Do jeito que está hoje, mantém-se uma estrutura arcaica de dezenas ou centenas de times sem torcida, que mal pagam os jogadores. Mantém-se também o poder das federações estaduais locais, que realizam campeonatos quase que fictícios por esse Brasil afora. O problema é que dificilmente tais mudanças ocorrerão, pois a CBF se sustenta nesses interesses das federações e os grandes times, ao invés de seu unirem, ficam alimentando provocações e desavenças. Mas, não custa sonhar....com a mudança do calendário e um título na Libertadores para o Cúrintia!!!


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